Doenças congênitas ortopédicas mais comuns

As doenças congênitas ortopédicas são condições que afetam o desenvolvimento dos ossos, músculos e articulações antes mesmo do nascimento.

Algumas dessas anomalias podem ser diagnosticadas logo nos primeiros dias de vida, enquanto outras se tornam mais evidentes conforme a criança cresce.

O acompanhamento médico precoce é essencial para garantir um tratamento adequado e minimizar possíveis limitações funcionais no futuro.

Se você deseja entender mais sobre essas condições, suas causas, sintomas e possibilidades de tratamento, continue lendo este artigo.

Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ)

A displasia do desenvolvimento do quadril ocorre quando a articulação do quadril não se forma corretamente, podendo levar à instabilidade ou até ao deslocamento do fêmur em relação ao acetábulo.

Essa condição é mais comum em bebês do sexo feminino e pode ser influenciada por fatores genéticos e posição fetal durante a gestação. Quando não tratada, pode resultar em dificuldades na marcha e no desenvolvimento motor da criança.

O diagnóstico precoce, geralmente feito por meio do teste de Ortolani e Barlow no recém-nascido, é fundamental para um tratamento eficaz.

Em casos leves, o uso de órteses pode corrigir a posição da articulação. Já nas situações mais graves, pode ser necessária a imobilização com gesso ou até uma cirurgia corretiva.

Pé Torto Congênito

O pé torto congênito é uma deformidade em que o pé do bebê nasce virado para dentro ou para baixo, dificultando o apoio correto no chão.

Essa condição pode afetar um ou ambos os pés e, sem tratamento, pode comprometer a capacidade de caminhar adequadamente. Acredita-se que fatores genéticos e ambientais possam estar envolvidos no seu desenvolvimento.

O tratamento mais comum é o método de Ponseti, que consiste na realização de manipulações suaves e imobilizações sequenciais com gesso.

Em alguns casos, pode ser necessária uma pequena cirurgia para corrigir a posição do tendão de Aquiles. Quanto mais cedo o tratamento for iniciado, melhores serão os resultados, proporcionando uma recuperação completa e funcional do pé.

Polidactilia

A polidactilia é caracterizada pela presença de dedos extras nas mãos ou nos pés, podendo variar desde pequenas protuberâncias até dedos completamente formados.

Essa anomalia ocorre devido a falhas no desenvolvimento embrionário e pode estar associada a fatores genéticos. Em alguns casos, pode fazer parte de síndromes genéticas mais complexas.

O tratamento depende da funcionalidade do dedo extra. Quando não há impacto na mobilidade, pode não ser necessária intervenção. No entanto, em casos que comprometem o uso adequado da mão ou do pé, a remoção cirúrgica pode ser recomendada nos primeiros meses de vida.

A recuperação costuma ser rápida, e o desenvolvimento motor da criança não é afetado.

Pé Talo Vertical

O pé talo vertical é uma deformidade rara em que o pé do bebê apresenta a sola voltada para cima, dificultando o movimento normal.

Essa condição pode ser isolada ou estar associada a outras síndromes genéticas. O diagnóstico precoce é essencial para evitar dificuldades no caminhar e na adaptação do pé ao solo.

O tratamento inicial envolve o uso de gessos seriados para tentar corrigir a posição do pé. No entanto, muitos casos exigem cirurgia para reposicionar os ossos e os tendões corretamente. Com o tratamento adequado, a maioria das crianças consegue desenvolver uma marcha normal e sem limitações.

Coalizão Tarsal

A coalizão tarsal ocorre quando dois ou mais ossos do pé estão fundidos de forma anormal, causando dor e restrição de movimentos.

Essa condição pode não ser percebida nos primeiros anos de vida, mas tende a se manifestar na adolescência, quando a criança começa a sentir desconforto ao caminhar ou praticar atividades físicas.

O tratamento varia conforme a gravidade do caso. Em situações leves, o uso de palmilhas ortopédicas e fisioterapia pode aliviar os sintomas. Já em casos mais severos, a cirurgia pode ser indicada para separar os ossos fundidos e restaurar a mobilidade normal do pé.

Metatarso Varo

O metatarso varo é uma deformidade na qual a parte anterior do pé está inclinada para dentro, dando a impressão de um pé arqueado.

Essa condição pode ser confundida com o pé torto congênito, mas geralmente é menos grave e tende a se corrigir naturalmente nos primeiros anos de vida.

Nos casos mais leves, o simples crescimento da criança pode resolver o problema. Em situações moderadas, exercícios de alongamento e o uso de calçados ortopédicos podem ajudar a corrigir a posição do pé.

Apenas em casos raros a cirurgia é necessária para corrigir a deformidade.

Hálux Valgo Juvenil

O hálux valgo juvenil, conhecido popularmente como joanete, é o desvio lateral do dedão do pé, que pode causar dor e dificuldade para calçar sapatos. Essa condição pode ser hereditária e se agravar com o uso de calçados inadequados ou de bico fino.

O tratamento inicial envolve o uso de calçados confortáveis e exercícios para fortalecer a musculatura dos pés. Em casos mais severos, quando a dor se torna intensa e limita a mobilidade, a cirurgia corretiva pode ser necessária para realinhar o dedo e melhorar a função do pé.

Hemimelia Fibular e Tibial

A hemimelia fibular e tibial é uma malformação congênita em que há ausência parcial ou total da fíbula ou da tíbia, resultando em encurtamento e deformidades nos membros inferiores.

Essa condição pode comprometer o alinhamento da perna e afetar a marcha da criança.

O tratamento pode envolver o uso de próteses, alongamento ósseo por meio de fixadores externos ou, em casos graves, cirurgia para reconstrução da perna.

O acompanhamento multidisciplinar é essencial para garantir a melhor adaptação e funcionalidade possível para a criança.

Defeitos Femorais

Os defeitos femorais são anomalias no desenvolvimento do fêmur, que podem variar desde um leve encurtamento até a ausência parcial do osso.

Essa condição pode impactar a marcha e o alinhamento dos membros inferiores, exigindo acompanhamento desde os primeiros meses de vida.

O tratamento depende da gravidade da deformidade. Algumas crianças podem necessitar apenas de fisioterapia e palmilhas para compensar a diferença de comprimento das pernas, enquanto outras podem precisar de cirurgias corretivas para melhorar o alinhamento ósseo e a mobilidade.

Pé Plano Valgo Doloroso (Pé Chato Congênito)

O pé plano valgo congênito, conhecido como pé chato, ocorre quando o arco do pé não se desenvolve adequadamente, resultando em uma pisada plana.

Em muitos casos, essa condição não causa dor ou dificuldades funcionais, mas algumas crianças podem apresentar desconforto ao caminhar.

Nos casos sintomáticos, o uso de palmilhas ortopédicas e exercícios específicos para fortalecimento dos músculos do pé e tornozelo podem ajudar a aliviar o desconforto. Em situações mais graves, quando há dor intensa ou dificuldade para caminhar, a cirurgia pode ser indicada para corrigir a estrutura do pé.

Osteocondromatoses (Exostoses Múltiplas Hereditárias)

As osteocondromatoses, ou exostoses múltiplas hereditárias, são caracterizadas pelo crescimento anormal de pequenas projeções ósseas ao longo do esqueleto.

Essas formações podem causar deformidades nos ossos, além de comprometer a mobilidade em alguns casos.

O tratamento depende do impacto da condição na qualidade de vida da criança. Algumas exostoses não requerem intervenção, enquanto outras podem precisar de remoção cirúrgica caso causem dor ou restrição de movimentos.

O acompanhamento ortopédico é fundamental para monitorar a evolução do quadro e prevenir complicações.

Conclusão

As doenças congênitas ortopédicas podem impactar o desenvolvimento infantil, mas com o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, muitas dessas condições podem ser corrigidas ou amenizadas.

Muitas vezes, intervenções simples, como o uso de órteses ou fisioterapia, são suficientes para corrigir a deformidade. Em casos mais complexos, cirurgias podem ser necessárias para garantir um desenvolvimento adequado dos ossos e articulações.

Quanto mais cedo for iniciado o tratamento, melhores serão os resultados. Com os avanços da medicina e o acesso a terapias eficazes, é possível proporcionar às crianças afetadas uma vida ativa e saudável, com menos limitações e mais qualidade de vida.

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